QUEM SOMOS

A pandemia da COVID-19 nos coloca desafios inéditos para o entendimento das relações entre saúde pública, cidade e sociedade. No campo dos estudos em epidemiologia, o desafio de reavaliar a mortalidade por causas naturais é intensificado por limitações do sistema de contabilização oficial desses óbitos, o que nos impede de conhecer os efeitos reais de epidemias em tempo real. Por este motivo, um dos eixos centrais da pesquisa é desenvolvido em cooperação entre docentes e pesquisadores da FMUSP, do IME-USP e servidores da Secretaria de Saúde da Prefeitura de São Paulo, visando acelerar os processos de contabilização da mortalidade no município. 

 

Ao mesmo passo, apostando na hipótese de que o grau de letalidade e o padrão de mortalidade da doença é multicausal, outro eixo da pesquisa se estrutura a partir de uma análise interdisciplinar acerca das condições e dinâmicas sociais, urbanísticas, políticas e econômicas que influenciam os padrões de mortalidade pela COVID-19 na cidade de São Paulo. Estruturada a partir de um trabalho de campo essencialmente interdisciplinar, este eixo da pesquisa se constitui de três abordagens distintas e complementares de pesquisa: a) pesquisa territorial e urbanística; b) pesquisa antropológica com familiares de vítimas da COVID-19 e pessoas com diagnóstico positivo para a doença; e c) pesquisa com os profissionais das Unidades Básicas de Saúde (UBS). Neste eixo, articulam-se docentes de diversas unidades da USP (FAU, FFLCH, FEA, IME) e de outras instituições, como a Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo e a Fundação Getúlio Vargas.

 

A pesquisa de campo se desenvolve em seis territórios específicos, que correspondem a áreas de abrangência das UBS. A equipe de pesquisadores de campo, em sua maioria, são residentes das áreas de estudo. Dessa forma, como efeito secundário, a pesquisa permite, portanto, o engajamento comunitário com participação ativa e a formação de novos pesquisadores, rompendo barreiras sociais ainda existentes na academia. 

 

A pesquisa territorial, identifica as características urbanas e de condições de moradia que poderiam ter influência na disseminação da pandemia e na mortalidade pela doença nos lugares selecionados. Em conjunto com a análise territorial, o projeto explora as percepções e práticas dos profissionais de saúde que atuam nesses territórios, para compreender como a atenção primária à saúde está respondendo à pandemia. Ao mesmo tempo, o projeto também dialoga com agentes/lideranças comunitárias e moradores para avaliar como a população tem se organizado e quais as condições do cotidiano e especificidades dos lugares que influenciam na maior ou menor mortalidade pela COVID-19. E, por fim, aborda a temática da mortalidade materna, para entender os efeitos da pandemia em mulheres grávidas e puérperas. Dessa forma, a pesquisa, que vem sendo desenvolvida desde julho de 2020, se propõe a fornecer explicações de grande importância para a formulação de políticas públicas, em especial àquelas relacionadas à contenção de epidemias, produzindo conhecimento benéfico para a sociedade como um todo.